Com um forte impulso dado pelo mercado da China, o setor eólico mundial teve um segundo trimestre que ficará na lembrança por um bom tempo. De acordo com dados levantados pela Wood Mackenzie, a entrada global de pedidos de turbinas eólicas somaram 43 gigawatts (GW) entre abril e junho deste ano, número que representa um novo recorde. O volume também é equivalente a um aumento de 36% em relação aos níveis do ano anterior, totalizando assim uma carteira de cerca de US$ 18,1 bilhões em pedidos. Por conta das metas ambiciosas de descarbonização, a China pretende apoiar uma construção média estimada de mais de 55 GW por ano nos próximos 10 anos. Somente no segundo trimestre, o país asiático foi responsável por um recorde de 35 GW de pedidos e está com 45 GW no acumulado do ano. Enquanto isso, a Europa apresentou crescimento na entrada de pedidos com 3,8 GW, dobrando sua atividade no primeiro trimestre. A atividade de entrada de pedidos nos EUA permaneceu lenta, com menos de 2 GW até  junho.

A entrada global de pedidos de energia eólica offshore ultrapassou 6 GW no segundo trimestre deste ano. Esta é apenas a terceira vez que os pedidos offshore ultrapassam esse número. Desenvolvedores no mercado chinês galvanizaram a maior carteira de pedidos de empresas no primeiro de todos os tempos para o setor eólico offshore, compreendendo 74% da capacidade global de pedidos offshore. A entrada de pedidos offshore na China aumentou consecutivamente por três trimestres, após uma pausa de quase um ano.

“Goldwind, Mingyang e Envision foram muito ativos no segundo trimestre com projetos na China, representando mais de 26 MW de atividade entre eles”, disse o diretor de pesquisa da Wood Mackenzie, Luke Lewandowski. Sete fabricantes de turbinas chinesas – com Envision, Mingyang e Goldwind nas três primeiras posições – registraram capacidade de pedidos firmes suficiente para se classificar no top 10 global de entrada de pedidos até o primeiro semestre de 2022. “A rápida adoção da tecnologia e o apoio do governo catapultaram a China para essa posição de liderança”, acrescentou Lewandowski.

Impulsionada pela China, a atividade global está em ritmo recorde nos dois primeiros trimestres de 2022, com 61 GW encomendados. Isso é 13% maior que o primeiro semestre de 2021 e é o semestre mais alto já registrado. “A China está crescendo e estamos vendo força na Europa também. Os EUA são onde a demanda tem sido lenta. Isso se deve a condições difíceis de mercado, como aumentos de custos trabalhistas, inflação e interrupções na cadeia de suprimentos. Como resultado, foi difícil garantir novos pedidos nos EUA, o que teve um impacto negativo nos fabricantes dependentes do mercado, principalmente os fabricantes ocidentais”, avaliou Lewandowski.

O especialista aponta, no entanto, que com a aprovação do Inflation Reduction Act of 2022 nos Estados Unidos, a Wood Mackenzie antecipa um aumento na atividade no segundo semestre do ano. Para lembrar, o Inflation Reduction Act é um pacote de medidas do governo americano para combater as emissões de carbono e investir em fontes de energia limpa. “Com esses novos incentivos, os projetos de energia eólica tornaram-se mais viáveis economicamente e, portanto, mais competitivos em relação às tecnologias convencionais. Se a aquisição de turbinas eólicas na China continuar em seu ritmo atual e a atividade de admissão aumentar nos EUA, o mercado de turbinas eólicas poderá ser definido para um ano recorde”, finalizou Lewandowski.

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